sexta-feira, 26 de junho de 2009

onda errada

O que vem a ser, ora pois, uma onda errada?

(a) Moça cruzando a Avenida Anhanguera com cara de estressada, cheia de sacolas nas mãos, tomando Coca-Cola e jogando a quimba do cigarro no chão.

(b) Um caldo em alto-mar.

(c) Espécie de comportamento repentino, inesperado, agressivo, abusivo, imbecil e passível de arrependimento futuro.

(d) Um grande lapso ou um curto insight, dependendo da ocasião.

(e) A contra-hegemonia.

aí não precisa de diploma mesmo não

- O que deu pra captar da alma desse artista?
- ...

Acabei de ver, no Globo Repórter, uma showrnalista fazer exatemente essa pergunta a um rapaz que conheceu Michael Jackson nos anos 90. Pirei!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

achei um fio de cabelo branco no canto direito da cabeça

Quando minha mãe falava em Frank Sinatra ou James Dean, não imaginava que um dia chegaria a vez de Michael Jackson. Para mim, lembrar de celebridade morta era papel para os mais vividos, que chegaram a acompanhar a fase clássica da Indústria Cultural e, assim, tiveram mais tempo de ver seus espelhos se quebrarem. Mas agora eu posso me equiparar à minha avó. Não para falar de Merilyn ou Dietrich, mas sim para comentar sobre Michael Jackson. Um ícone da infância, cristalizado em suas relações com crianças, em sua doença contemporânea, em sua terra do nunca. Eis que vai-se, sabe-se lá como, depois de uma parada cardíaca. E de lembrar que em 1987 eu tinha medo de Thriller... fiquei velha, será?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

abismo

É um jogo. Quem foge mais. Quem provoca os melhores sequestros. Quem prende com mais veemência. Quem escapa de novo. Quem disfarça melhor. Polícia e ladrão. Pique no ar. Você sabe o que quer, sente o que quer o outro, mas corre. É mais fácil, como na brincadeira de infância. É estranho, como se nunca pudesse perder. O que o medo não faz, não?

“É o homem tragicamente assustado, temendo a convivência autêntica e até duvidando de sua possibilidade. Ao mesmo tempo, porém, inclinando-se a um gregarismo que implica, ao lado do medo da solidão, que se alonga como “medo da liberdade”, na justaposição de indivíduos a quem falta um vínculo crítico e amoroso, que a transformaria numa unidade cooperadora, que seria a convivência autêntica.” (Paulo Freire, 1965)


domingo, 21 de junho de 2009

"caiu o diploma" não é notícia, mas merece trilha sonora

Tipo assim. Falar que "um cachorro mordeu um homem" (a não ser que esse cachorro seja Pit Bull) não é notícia. É trivial demais. O safado de um cabra morder o pobre do cão, aí sim é que é notícia: causa espanto, provoca curiosidades e está fora da melhor das ordens sociais. Ora, se a regra das redações (que, sejamos francos, também é a regra de boa parte dos cursos de Jornalismo) é buscar o inusitado, então eu posso aplicá-la também ao tema da obrigatoriedade (ou não-obrigatoriedade) do diploma. O dia em que concordarem que, para trabalhar na indústria da informação, é preciso ter um diploma específico de fazedor de notícias - devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação - aí é que vai ser notícia.

Enquanto esse dia não chega, eu fico pensando de que vale toda essa discussão. Sinceramente. Formado ou não formado, gênio ou imbecil, moral ou imoral, o ser humano que opta pela profissão de jornalista acaba virando mesmo é jornaleiro, repetidor de extra-extra, vendedor de manchetes. O típico caso em que a base determina a superestrutura. E olha que o jornalista jura que é general intellect. E põe general nisso.

Parêntese: Isso não quer dizer, contudo, que sou contra o diploma. Não, imagina! Nem posso ser - ou a "catiguria" não sai mais pra tomar cerveja comigo. Aliás até já usei camiseta da Fenaj e defendi esse papel timbrado com veemência.

A questão do meu desânimo é o tom dos discursos. As empresas são pela não-obrigatoriedade porque querem dar oportunidade a qualquer cidadão talentoso por aí disposto a aprender, na prática, o que é lead e o que é sublead. Assim, elas garantem mão-de-obra pouco especializada, mais ou menos crítica e baixos salários. Os cursos de Jornalismo, juntamente com as entidades classistas (?), por sua vez, são pela obrigatoriedade para ver o Campo Social da Comunicação (expressão bonita, né?) fortalecido e garantir um mínimo de ética na conduta do contador de histórias. Assim, a corporação pode vingar e a remuneração (de professores, editores, repórteres ou estagiários) melhorar. E ambos os lados morrem pela boca. Cidadão participar? Conta outra! Ética assimilada em quatro anos? Conta outra! Quer democratizar? Vai democratizar na Muda, rapaz! Pára de mendigar emprego nas grandes fábricas!

Assunto chato, né?

Bom, não havendo novidade na questão diplomática, podemos trocar as falas de sempre por uma música de fundo. Fica mais animado. E eu sei qual é. Ouvi no fim de semana, durante a apresentação da banda Mechanics. A fisionomia enfurecida dos meus companheiros de trabalho, diante de mais uma das milésimas derrotas, somada à ironia do patrão, que pôs a decisão pública no bolso outra vez, só pode vir acompanhada por um som, nervoso, fatal e estridente, que faz rasgar qualquer capa de revista:

"Eu sinto ódiooooooo
e vontade de morreeeeeeer
Ódiooooo
E vontade de morreeeeer"