domingo, 3 de fevereiro de 2013

apenas uma fábula


Ainda não existiam borboletas no estômago ou capas de chuva amarelas, mas eu já o via em meus sonhos. Não entendia como é que alguém tão distante poderia vir acompanhado de tão ternas sensações. Um ponto forte de intriga, até um dia transformar-se em realidade. 

Algo que colori aos poucos, na medida em que idealizava os olhos de uva, os dedos largos e o carinho interminável. Pintei um belo quadro em tela rara e muitas vezes me orgulhei do feito. 

No entanto, quem nos sonhos trazia a novidade, ocupou-se também de revelar o que era, de fato, vida real. E isso não cabia ali. Essa vida, também volátil, converteu-se num ríspido movimento. Não acompanhei seus passos. As sensações foram da paz ao medo em poucas febres tresnoitadas.

Em gris, padeci com o vazio da cena ilustrada. Carreguei dor no peito, garganta seca, falta de ar e desamor. O quadro das cores inéditas foi desfeito em meio a uma tempestade com nuance mortal. 

Minha capa de chuva é azul. Um dia o sol renasce e eu também.