sábado, 3 de julho de 2010

linguagem vlogueira

Passei uma parte do dia de hoje pensando sobre a escrita enquanto manifestação do pensamento. É a que mais me agrada, talvez porque desde cedo somos estimulados (ou forçados) a gostar de ler e de escrever. Mas, bem ou mal, há muito não é linguagem hegemônica. O que me parece interessante.

Eis que me deparei, então, com esse vídeo, uma série de "aulas populares" dispostas na rede e um grupo grande de gente da minha geração, para mais ou para menos, que aderiu à expressão por meio do audiovisual. Maravilha!

Tudo bem que esses ditos "vlogueiros" não usam todos os recursos que têm. Pelo contrário, falam como se estivessem em sala de aula (e até escrevem no quadro), seguem um raciocínio tão linear que cansa. Contudo, de todo modo, me impressionou bastante a facilidade com que essas pessoas falam em público e diante da câmera. Gostei de ver. Cada um com com sua "desenvoltura". Não perdem o raciocínio, ainda que possam contar com os editores de vídeo.

Desde já, parabéns ao Denis Lee, não concordo com o que ele disse sobre o humor na TV, mas esse é um debate escrito-visionado para outra ocasião.


sexta-feira, 2 de julho de 2010

diga não à maquiagem!




"Não adianta esconder, a gente existe"! Dispensa comentários. Apesar de que é nessas horas que fico louca para dizer o porquê ainda acredito na Comunicação Comunitária. Mas, enfim, não é preciso entrar em detalhes.

Ôpa, espera aí.

Ainda vale ressaltar: quais são os outros muros, além desse indicado pelo vídeo? Será preciso fazer um esforço, na sua localidade, que certamente não é o Rio de Janeiro, para decifrar quais são os muros? Quais são os lixos e qual é a orquestra que nos impedem de perceber a realidade e, mais do que isso, de negá-la?

Quando tudo parece bem, precisamos esfregar os olhos.

nada vai acontecer, não tema!



"Esse é o reino da alegria". Participo de um seminário sobre educação em rede cuja preocupação das pessoas é, grosso modo, criar ferramentas de mediação aprazíveis e eficazes na formação de seus alunos. A discussão tem lá o seu fundamento teórico e uma vasta gama de boas intenções, mas, pouca preocupação política. Um ou outro pesquisador arrisca a pronunciar essa palavra: política. Como se fosse algo descolado da educação! Mas estamos falando de humanidade, ok? E de política enquanto ação.

Os pesquisadores de ambiência virtual ou gameart se empenham para trazer seus olhares "de processo" à educação e estão sempre preocupados em ressaltar "as coisas boas" de seus estudos sobre tecnologia. E é cada experimento tão interessante... Interfaces com o corpo, a terra, o ar, a sombra. Sentidos em três ou quatro dimensões. Real e virtual em uma mesma textura. Maravilhoso! Maravilhados ficamos com as possibilidades técnicas da humanidade. Já pensou ensinar história usando Age of Empires? Não se sabe bem que tipo de conteúdo será repassado, mas se apre(e)nde!

Onde está mesmo a educação? E a política?

A dedicação para romper preconceitos dentro da academia supera o olhar social. A educação, em diálogo franco com as mídias e a criação artística, tenta, mas não consegue o mais básico: contemplar quem sequer tem a possibilidade de estar dentro da estrutura social formadora (de opinião, de afetos, de posturas, de carreiras, de modos de ser e de viver etc.).

Algo me incomoda. Saio da Pontifícia, paro no ponto de ônibus e vejo uma senhora de meia idade, com um saco nas costas, camisa e calça rasgadas, gritando: "55 anos e um aborto. Foi a única coisa que essa vagina pariu". E aí, mais uma vez, me pergunto: para quê?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

a pequeneza das preocupações inorgânicas

(prometo melhorar!)

Tive uma professora que, nos momentos de crise da turma, dizia: "esperaí. não vá se matar, hein?". E ela queria pedir pra gente não desistir. Mas, eu acho que cometi suicídio sim. "Tuiticídio", não é assim que dizem? Desisti do tuiter. Porque há alguns dias estou fazendo auto-análise virtual e me perguntando: De que adianta emitir opinião? O que isso muda, de fato, além de eu me expor, fazer amizades e também inimizades, posar de ridícula ou de bacana e... O que mais? O que muda? O que muda para mim? E para o outro? Será que eu estou também depositando alguma esperança em um espaço que não é público, de fato? Muito pelo contrário, é controlado...

E por outro lado, ao desistir, estou eu reunindo muita confiança nesse poder de mobilização que a gente pensa que tem com um tuiter nas mãos e, na verdade, não tem? O tema da mobilização mexe muito comigo, é um pedaço não resolvido da minha vida, pois nunca consigo entrar de fato ou sair de fato dos projetos populares, por causa dos conflitos. Sou sempre a "inorgânica" do movimento, daquelas que nunca tem autoridade para falar, pois não vive, não luta, desiste logo, dá pitaco, cria polêmica, mas só para inflamar. Daí quando eu me pego na contradição, penso: estou sendo ativista? Nunca!

No caso do tuiter, com quem estou falando? A meninada do setor Shangri-lá está lá? Não. Essa mobilização tuiteira é para uma classe que não quer ser mobilizada, quer sequer mudar alguma coisa, apenas continua nutrindo-se de pseudo-opiniões. E então eu vou alimentar isso?

Provocar é interessante, eu gosto quando uma pessoa me provoca... aliás, da parte que te toca, espero continuar sendo provocada por e-mail. Mas, será que estou eu pronta para esse papel? Talvez você esteja, outras pessoas estejam, mas eu? Não sei. E ando perdendo a paciência também com tanta propaganda, autopropaganda, sei lá, tantas mensagens superficiais, de autojustificativa, ataques etc. que eu estava (ou estou) viciada a ler...

Assim, me pergunto: por que eu quero insistir em algo que pode tocar ou não as pessoas, pode tocar ou não a mim mesma, mas que não vai representar, de fato, uma ação ou uma experiência minha no/do/para o mundo?

Provavelmente estou exigindo muito de mim, dos outros e do tuiter, mas é o que sinto no momento. Resumindo, eu estou realmente naquela fase do "saco cheio", sem paciência mesmo, me suicidando por aí... tpm, será? Não. Não posso limitar minha sensibilidade à natureza. É que realmente não estou vendo sentido mais nessa emissão de opiniões. Ah, quero pensar melhor. Acho até que vou arrepender. Te conto depois... como estará minha vida além-tuiter!

Abraço!