quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

reflexão sobre a liberdade idealizada pelo desejo determinado

Nada melhor do que aquilo que não alcançamos, pelo simples fato de já termos em mente uma série de padrões sobre o que tanto desejamos. De modo que a idealização pode vir a tornar-se um problema grave, arrancando de nós o que outrora ensaiamos ter. O que desejamos está tão longe e difícil que preferimos seguir na luta da conquista - considerando, até, que nunca será possível realizar esse desejo.

Mas o problema maior é quando a busca por condições ideais para se realizar uma ação envolve o outro. Gera grande expectativa. E ainda pode soar como desfeita, omissão ou, o contrário, cobrança. Afinal, nossa ação idealizada também interfere no que o outro planeja e estabelece, muitas vezes, com base no que viveu, no que sonha viver e no que considera "bom" para seu seguir vivendo. Ou seja, o outro tem lá seus padrões, sua fixação, seus deslumbramentos. Tem lá o que julga melhor para se alcançar a sonhada liberdade.

O que está pressuposto, enfim, é o que desejamos, mas sobretudo, o que nos acorrenta. Alimentamos doces construções sociais da mesma forma como fugimos delas. Causamos o choque. E, assim, confundimos toda a nossa identidade.


Obs.: Esta é uma reflexão inicial sobre um texto que fichei na tarde de hoje: A POLÍTICA E A SUJEIÇÃO SOCIAL PELA FORMA - Praxis e Pseudo-atividade em Adorno. O autor é Wolfgang Leo Maar. Está disponível em Antivalor. Bem possível que tudo aqui seja um grande equívoco de iniciante.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

culpa

Tantas foram as ocasiões de pena máxima, atribuídas por mim e a mim. O superego exacerbado. A autopiedade latente. Nó na garganta, falar de nada adiantou. A não ser para as pessoas erradas, em momentos distintos. O porém é que culpa requer também desculpa. E essa não, nunca serviu! Interna ou externamente. Nem para as fases calmas.

Irreparável dano de perceber.

Alimentei costume de carregar o mundo no bolso. A responsabilidade pelo sentimento e pela interpretação dos outros ia sempre nas costas, pesando como pesam as mentes insanas. Mais ao lado direito do cérebro, inibindo-o. Não queria que o sofrimento dos meus fosse tão profundo quanto o meu. Aliás, fui taxativa, não lhes dei esse direito!

Caminhei parada, sonhando.

Certo dia resolveria o problema meu, dele, dela, dos outros todos. E, assim, nessa ilusão superpotente, gerei leve crise no ritmo cotidiano. Implacável foram a realidade, a impotência, a autopreservação, a distância; o problema de conviver ao meu lado, sobretudo, sendo tão sufocante, dúbia, angustiada e insegura.

O que mais me incomodou na fragilidade do outro, foi também minha fragilidade. Viver foi assim.