domingo, 22 de novembro de 2009

afinal, o que é

Há quem diga que felicidade é satisfação. E há quem proteste, argumentando que felicidade é nada. Há quem levante a possibilidade de pequenos espaços temporais de felicidade. E há quem reconheça que é feliz em excesso. Seja lá o que for felicidade, algum filósofo existencialista deve explicar. Algum poeta romântico também. Um cientista, um político, um padeiro. Cada um ao seu modo, com a sua visão de mundo, mirando aqui e acolá, vai arriscar, medir, apontar e ponderar: felicidade? Talvez.

Não. Mas eu não vou fazer o mesmo. Não tenho receita e penso que parte da minha felicidade não é nem um triz da sua - a não ser que façamos do corpo e do cosmos a mesma leitura.

Não vou dizer que felicidade é amar, trocar experiências e aprender, porque em todos esses processos vivemos muito mais o conflito do que a calmaria. Não arrisco considerar que eu ou mais sei lá quem somos felizes porque passamos horas e horas e horas conversando e nos (re)conhecendo cada vez mais. Isso é momento de êxtase, mas pode não ser necessariamente felicidade para ambos. Pra mim pode ser bom, pra qualquer outro que seja, nem tanto. E o bom pode vir do acordo, mas também pode vir do desacordo. De todo modo, felicidade é troca? Quando nos abala ou quando nos renova? Felicidade: viver.

É por isso que penso que muitas vezes confundimos as palavras e as reações. Se o ato de viver já me faz mudar e ser mudada, não poderia eu considerar felicidade uma consequência desse ato, desse processo? Ou, de forma estanque, passo o tempo a buscar aquela felicidade que seria somente a paz? E a paz seria o quê? Calmaria? Ora, e a transição, de onde veio? Da estabilidade? Então se solto um sorriso, ainda que forçado, como boa parte das reações que o mundo me manda representar, automaticamente sou feliz? Do contrário, se forjo-me ranzinza, se reclamo mais do que devo, se sinto muito questionar suas certezas, se sinto mais ainda questionar as minhas próprias certezas, então não sou feliz? Sou uma eterna angustiada em meu livre arbítrio? Sou viva?

Felicidade, afinal, o que é, que não eu mesma?