domingo, 24 de julho de 2011

por que é óbvia a morte da estrela?

Morre mais uma estrela. E com ela vai nosso bom senso. Choramos, nos partimos e revelamos os ecos de nosso vazio. A estrela passa a ser sinônimo de virtude e de rebeldia, ainda que tivera sido bem moldada - tal qual suas antepassadas que também se avassalaram em escândalos. Uma boneca fabricada e programada. Aos 27, já prevíamos. Não porque temos oráculo, mas porque já nos cansamos de tanto lugar comum. Ainda assim, nos querem fazer surpresos. Não estamos, mas fingimos. Surpresos e tristes, para o bem de todos os que no mundo permanecem.

Anti-heroína sensível e destruída pelo masculino. O retrato de uma sociedade que cultiva mitos, ainda que não existam novos mitos. Não suportamos esse mundo, apenas o dissimulamos. E, quando se apaga a estrela, lamentamos em falsas lágrimas, revelando a fragilidade de nossa aparência. Semicultural e redundante aparência. Comovemo-nos com as idênticas narrativas, para que não nos sitamos tão gélidos.

Acreditamos em números, em cabala, em fórmulas prontas e também na inocência da jovem que, por não suportar o mundo, tal como nós, preferia entorpecer-se. Também nos entorpecemos, todos os dias, com a carga simbólica que nos remete às estrelas. Sua voz rouca, drástica e doce estará sempre em nossos sonhos, até a próxima boneca, com o mesmo ciclo.

E depois ainda dizem que o conceito de industria cultural está superado?