sábado, 28 de maio de 2011

hoje é dia de poesia: quem levar?

Um pensamento:

Patrícia Galvão, José Paulo Paes, Mário Benedetti, Carlos Drummond de Andrade, Abel Silva. Ela e eles vêm me acompanhando há algum tempo, repetitivamente. Quando tem sarau no Shangri-lá ou quando a "gonorância (im)produções" se encontra num repente, estou lá com os mesmos amigos e os versos de sempre. Passo vergonha, apesar de serem tarimbados. Queria variar!

(...)

Impossível foi esse meu desejo matutino de sábado, quando encontrei um depoimento de Abel Silva dado a Carlos Didier. E me deparei com sua prosa documental...


Tive na faculdade uma colega linda, tremenda morena, mas que era triste. Me lembra Machado: “Se bela, por que triste? Se triste, por que bela?”. Eu achava aquela tristeza um mistério. Eu pensava também em Sartre. Eu vivia com a cabeça cheia de Sartre. E pensava: se “o corpo é o destino”, ela nasceu para a alegria; no entanto, é esta sombra. Então, numa festinha de violão e tal, na casa dela, conheci a mãe da minha colega e vi que era a tristeza em pessoa. Eu pensei: ai de quem tem mãe triste.


... com suas reflexões sobre a poesia...


Existe uma poesia do olho e uma poesia do ouvido. Claro que há diferença entre letra de música e poesia de livro. Quando estou a fim de publicar livro, boto algumas letras. Jura Secreta, por exemplo. Festa do Interior, não. Porque é estritamente para ser ouvida e dançada. Jura Secreta tem versos para serem lidos e ouvidos.


... e o próprio método...


Tem a canção da madrugada, das três horas da manhã. De repente, você acorda e aquela solidão total. Uma sirene toca longe... Há uma lucidez, um perigo às três horas da manhã. Você pode ser surpreendido, de repente, em pleno sono por uma premonição, e isso pode ser um verso, uma canção, e lá vai o sono embora.


... ou sobre a "ideologia do viver"...


A questão não é rir por último
nem muito menos antes:
A questão é rir durante.


... ainda, com a mais conhecida definição de nós mesmos:


Só uma palavra me devora
aquela que o meu coração não diz


Hoje é dia de poesia com Abel Silva, mais uma vez!