terça-feira, 21 de julho de 2009

manifesto para a renovação particular do movimento tenentista

Não quero abrir crédito no Banco, pagar mensalidade de clube ou plano de saúde, matricular meu futuro filho em escola particular e sequer vou comparecer à próxima festa que a CUT oferecer - com direito a cerveja e a banda de pagode financiadas pelo FAT. Não é isso que eu quero. Não vou lançar-me candidata e nem fazer conchavo. Não estarei lá, na próxima marcha simbólica ao Congresso. Não. Eu quero é reativar o Movimento Tenentista. Ou então a prática dele, de reagir ao imposto.

Eu quero é ter autonomia. Mesmo que essa beire o desrespeito. Por que não? O que eu quero é desafiar o destino e saber se ele é capaz mesmo de me fazer temer o futuro, temer o desemprego, temer o fim do status quo, o fim do salário, o fim das metas certas! Eu quero caminhar pelo curso contrário do rio, mesmo, como num sonho juvenil, e desobedecer. Desobedecer os civis, os militares, os políticos, os intelectuais, os religiosos, os artistas e os astros. Revirar as regras que fizeram pra mim e que sequer me consultaram para enquadrar-me.

O que quero é manifestar a livre expressão do pensamento, ops, do desrespeito, falar o que penso e ter o direito de arcar com as consequências disso. Se nada do que está posto me representa, não quero o que é imposto. Eu quero é desafiar!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

domingo, 19 de julho de 2009

conto de fadas

“Ouve a declaração, oh bela
De um sonhador titã
Um que dá nó em paralela
E almoça rolimã
O homem mais forte do planeta
Tórax de Superman
Tórax de Superman
E coração de poeta”
Chico Buarque, A Bela e a Fera


O professor do século XXI tem de ser forte, racional, esperto, ter domínio dos conteúdos e ser criativo o bastante para aplicar esses conteúdos. Tem de preocupar-se com a escola, com a comunidade e com o que está além dos muros: a sexualidade, as relações de poder na família, as drogas, as crises financeiras, o meio ambiente, a diversidade etc. Não pode parar, tem de reciclar-se sempre, saber das notícias e dos efeitos da taxa selic nas prateleiras do supermercado. Tem de ser um verdadeiro super-herói, para construir e desconstruir sua prática todos os dia.

O professor de hoje tem salário baixo, muitas turmas pra cuidar, mas também tem sempre de olhar para seu aluno como se fosse único. Tem de ouvi-lo e, caso esse não queira assim de imediato pronunciar-se, deve saber como estimulá-lo. Tem de agregar e nunca excluir. É pai, é mãe, ensina a comer, a lavar as mãos e também a ler mapas. Esse profissional da educação, no início do novo milênio, também tem de ser sensível, como um poeta. Tem de ser inteligente emocional e estar pronto a acompanhar o aluno em seu ritmo frenético de descobertas. Ler literatura, ver novela, conhecer Harry Potter, ouvir as músicas da moda, saber que existe moda e saber também interpretar todos os ícones do seu cotidiano (e do cotidiano do aluno). Tem de conhecer o lead de um texto jornalístico, pois essa modalidade de escrita anda por aí, caindo em vestibulares.

O professor do futuro (afinal, o futuro começa hoje!), tem de ser rápido como um videoclipe, perspicaz como uma campanha publicitária e nunca duvidar do que um hipertexto pode fazer. Tem de saber construir uma lauda radiofônica, pois a qualquer momento a caixa de som e o microfone chegam à sua escola. Não pode ter medo de apertar botões, nem de falar em linguagem binária, nem de fazer decupagem de vídeo ou procurar o melhor enquadramento para aquela imagem.

O professor, no Brasil, há pelo menos 14 anos, tem de ser reflexivo. Tem de alfabetizar, sem que seu aluno decore que "eva viu a uva" e tem também que lembrar os 45 anos de golpe militar, de forma crítica e consciente. Como na música de Chico Buarque, o professor tem de ter “tórax de superman e coração de poeta”, para nunca esquecer que é sujeito, que seu aluno é sujeito e que há em suas mãos uma tarefa crucial: formar para a vida em sociedade, para a cidadania local, global, glocal, interplanetária.

Calma! Isso não sou eu quem estou dizendo. É política pública, prevista em relatórios internacionais como o Delors (distribuído pela UNESCO no começo dos anos 90) ou recomendada por cartilhas como as do Banco Mundial (que, também na última década, tem sugerido certa conduta aos países mais populosos do mundo, principalmente no que é referente à Educação). No Brasil, desde 1995, programas de formação continuada a distância (o novíssimo "Mídias na Educação", aham, por exemplo) e índices de avaliação de desempenho (como o Ideb, aquele da propaganda) cumprem bem esse papel de cobrar, de cima pra baixo, a existência imposível desse profissional perfeito.

"Tórax de superman e coração de poeta" foi a melhor definição que encontrei até agora. Quem tiver outra, favor indique-me!

(Tudo bem, isso é empolgação de primeira viagem com os estudos - empolgação que havia sido perdida, mas que aos poucos vem voltando. Mas é que realmente revolta! Ou não? Ah, revolta!)