Para o corpo de Berenice
Ou o coração de Wall Street
Para o último tempo
Ou a primeira dose de tóxico
Para dentro de si
Ou para todos
Pra sempre todos emigram*
Ou o coração de Wall Street
Para o último tempo
Ou a primeira dose de tóxico
Para dentro de si
Ou para todos
Pra sempre todos emigram*
*Canto dos Emigrantes
poema de Alberto de Cunha Melo
poema de Alberto de Cunha Melo
Fecha os olhos, respira fundo, tapa os ouvidos! Viaja! Viaja em um mergulho interior, rumo ao desconhecido mais abundante: dentro de si.
Lugar quente, úmido, palpitante e sanguíneo é seu interior, aquele velho esquecido. Aquele espaço onde não há trégua e nem espelhos, palco ou caixas velhas, representações ou nomeações. Há, sim, emaranhados de nós, que atam e desatam conforme o tempo, o vento, a cor e a dor. Nesse ambiente fluído e espaçoso, fica tudo bem guardado, mas nada é escondido.
Viaja e saberá: que a aventura mais importante da vida é uma imersão. Não são estradas ou ares que nos seduzem, são os mergulhos para o núcleo da alma.
Viaja e garantirá que não há companheiro mais fiel que seu próprio desejo. E que identificá-lo perante a multidão não é tarefa pra um papinho na esquina ou pra um beijo roubado. É trabalho árduo de negociação com a rotina, com a auto-imagem e com as reflexões negadas.
A beleza, a sagacidade, a intriga e as rebeldias estão todas por dentro. Não há tumulto ou calmaria maior nos além-mares. Tantos casos são sempre mais delirantes quando se fecha os olhos. Quando se nota o que não foi desvendado, nada mais lá fora tem graça. As pessoas e suas explicações ficam pouco interessantes.
Viaja e enxerga mais que o horizonte! Nota a si mesmo e terá em mãos respostas breves, segurança mútua e calor natural. Para seguir com a vida exterior, saboreia primeiro sua força interior.