quarta-feira, 24 de outubro de 2012

sobre o que ocorre com frequência



Ainda estamos debaixo das cobertas quando as sinapses nervosas ativam as primeiras imagens do dia. A vida ensaia seus passos no corpo, segundos antes nas mitocôndrias, mas não notamos de imediato que está próximo do amanhecer. Ignoramos a sensibilidade, que é para dormir um pouco mais.

Acordamos, é tarde. Saltamos da cama sem sequer espreguiçar. Junto com a pasta de dentes que se dissolve na água da pia, mandamos embora os sentimentos que nos foram adiantados ao longo da noite.

O mundo foi previsto em fragmentos coloridos e rajadas de luz. Alguns códigos poderiam ser decifrados se tivéssemos acesso à linguagem das sensações. No entanto, desde muito cedo nos retiraram certas experiências. Há mais o que fazer em vigília!

A mente produz, o corpo responde. Só não nos disseram que as energias são estimulantes. Desejo, paz, raiva, consagração, coincidência, dúvida: do cosmo às células, passa tudo em sonho. Não é explícito, não sabemos que lição tirar. Inferimos apressados que é preciso ignorar. Com o que sonhamos na noite anterior? - perguntamo-nos, em um ato impulsivo de esquecimento.

Melhor, contudo, seria lembrar. Um caderno para anotar. Detalhes, falas, cores e movimentos. Quem sabe não evitaríamos recalques, pedras nos rins e até prisão de ventre?

Interrompemos um processo, tomamos água ao longo da noite. E as imagens voltam, aceleradas, gritando. Há o que se evidenciar. Não se trata de devaneio ou premonição, é uma parte da existência, é o início. A realidade desperta quando a cabeça ainda está no travesseiro. Sejamos atentos!