Cerveja, perfume, óculos, medicamentos, ópio, flores, cortinas, seda, eletrônicos, poesia, corpo, pele, alface, rúcula, vinho: a tudo podemos fazer descer "goela abaixo". Consumimos para sobreviver, mas, também, para ter o que dizer ao outro. Para prosseguir com o tédio que nos aplaca e nos faz exigir reconhecimento alheio.
Os “esclarecidos”, por exemplo, consomem músicas, filmes e livros, fazem “ranking” no início do ano com os “top dez” localizados nas prateleiras. Contudo, não chegam a se questionar do esquema de distribuição desses “bens”, nem da forma como foram produzidos. Aliás, até se questionam, mas não julgam, assim, tão importante. Isso nem dá nos noticiários! O que importa é a trilha, o verso, a trova, o posicionamento dos atores, a semiótica, a mensagem subliminar. O que importa é a sensação causada e o poder da fruição. Isso é que gera debate.
Os “alienados”, por sua vez, consomem carros, motos, vestimenta, os próprios corpos, os outros corpos, pó e tradição. Muita tradição, aliás, para quando se arrependem das investidas. E trocam as orgias pelas fraldas, pelas alianças, pelos contratos. Em verdade, todos estão usando seus próprios limites para não se entregar à degradação. Mais sinceros do que os “esclarecidos”, não enxergam outra possibilidade de existir que não seja para competir com o irmão, o primo ou o vizinho, a partir do próprio ato consumista. E isso volta e meia significa "estar bem", "sorrir", "alcançar a perfeição".
“Esclarecidos” ou “alienados” também se dividem em categorias “A”, “B”, “C”, “D” e “E”, de acordo com as pesquisas do Censo, a renda vencida no final do mês, as contas a pagar ou o que querem ostentar. Aí é quando as prateleiras também os escolhem, moldam seus gostos e os fazem ter assunto na mesa do bar, conforme o que desejam e o que executam.
"Eu sou a coisa, coisamente", diria Carlos. E, no mais, é isso.
Vou ali mascar chiclete!
Os “esclarecidos”, por exemplo, consomem músicas, filmes e livros, fazem “ranking” no início do ano com os “top dez” localizados nas prateleiras. Contudo, não chegam a se questionar do esquema de distribuição desses “bens”, nem da forma como foram produzidos. Aliás, até se questionam, mas não julgam, assim, tão importante. Isso nem dá nos noticiários! O que importa é a trilha, o verso, a trova, o posicionamento dos atores, a semiótica, a mensagem subliminar. O que importa é a sensação causada e o poder da fruição. Isso é que gera debate.
Os “alienados”, por sua vez, consomem carros, motos, vestimenta, os próprios corpos, os outros corpos, pó e tradição. Muita tradição, aliás, para quando se arrependem das investidas. E trocam as orgias pelas fraldas, pelas alianças, pelos contratos. Em verdade, todos estão usando seus próprios limites para não se entregar à degradação. Mais sinceros do que os “esclarecidos”, não enxergam outra possibilidade de existir que não seja para competir com o irmão, o primo ou o vizinho, a partir do próprio ato consumista. E isso volta e meia significa "estar bem", "sorrir", "alcançar a perfeição".
“Esclarecidos” ou “alienados” também se dividem em categorias “A”, “B”, “C”, “D” e “E”, de acordo com as pesquisas do Censo, a renda vencida no final do mês, as contas a pagar ou o que querem ostentar. Aí é quando as prateleiras também os escolhem, moldam seus gostos e os fazem ter assunto na mesa do bar, conforme o que desejam e o que executam.
"Eu sou a coisa, coisamente", diria Carlos. E, no mais, é isso.
Vou ali mascar chiclete!