sábado, 24 de dezembro de 2011

pressa de viver

Nosso humor muda, nossas histórias mudam, a vontade de contá-las varia bastante, as experiências, as emoções, as frustrações, o peso, o corpo, o olhar, a leitura, a crítica, as opiniões, a vontade de dormir e outros desejos mais mudam. E esse blog não consegue acompanhar.

Assim, quiçá, seja melhor!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

saudade

Venho pensando sobre saudade. Sobre como isso é um estado de espírito e ao mesmo tempo um sentimento prolongado que se desdobra em outros tantos. Aperta o peito, mas quando há consciência de que o motivo da saudade jamais voltará, logo nos conformamos e substituímos o incômodo por boas lembranças. Aperta o peito, mas se é óbvio que o motivo da saudade chegará em breve, a aflição torna-se esperança. Nos dois casos, saudade deixa uma coceira que nem a pomada indicada pelo dermatologista cura.

Minha mãe me presenteou com um vestido de flor. Senti saudade de quando era criança e brincava com suas roupas de adulta. Senti saudade também do meu avô, pois por coincidência e no mesmo dia passei por uma rua do Centro e o cheiro era de jasmim. Esse mesmo cheiro é também da adolescência no interior, mas dessa sinto saudade apenas quando quero fugir da rotina do trabalho. Exemplo um. As recordações me confortam e me fazem raciocinar de que avô não volta, infância não volta, juventude de ninguém volta, mas tudo isso é amor onde quer que esteja.

Passei quatro dias dando comida a um gato cujo dono viajou. Sentia o cheiro desse dono por toda a casa, era uma tortura. Exemplo dois. Eu queria que esse dono estivesse ali, mas era somente o gato. O gato é um fofo, mas o cheiro trazia saudade, então tudo tornara-se um prazer estranho e com leves pontadas. Eis que em pouco tempo o dono voltou, eu sabia, com um livro do Jorge Amado e muitos beijos de areia.

Esses casos é que me fizeram pensar sobre "saudade, palavra triste".