sábado, 26 de maio de 2012

sensitivismo

Sensações frequentes de que "já vivi isso antes". A isso dão um nome estrangeiro. Como é? Esqueci. É muito comum: no restaurante, na fila do banco, no ônibus, nas reuniões de trabalho, no contato com pessoas desconhecidas de modo geral. E, no fim das contas, de que adianta? Se as células chegam antes à cena, por que somos avisados somente no tempo presente? Memória recente ultrapassada.

Tenho impressões. Leves, pesadas, profundas, alteradas, alternadas. Impressão de que é fácil prever o que está por trás da aparência. Impressão equivocada. Tarefa dura é desmascarar o que realmente aflige ou ameaça. Por que me sinto mal e somente depois descubro a causa? Pura prevenção. O sonho avisa que não se deve descuidar de cada uma dessas células que chega primeiro em cena. 

Os sonhos são ora corriqueiras tormentas, ora rotineiro alento. Lembro-me de quando sonhei com o amor. Foi um sentimento tão puro que tornou-se real. Lembro-me ainda de quando sonhei com a morte. Essa, porém, permanece incógnita e "a única certeza". 

Me acomete a taquicardia e um peso perdura nos ombros. A isso tampouco sei dar nome. É algo que me faz mal e que sinto perto de outrem. Pessoas especificamente. Marcadamente isso acontece: sou provocada em silêncio absoluto e qualquer revide é sinal de fraqueza. Paira no ar o famoso jogo de poder, com cheiro de pipoca doce e sorriso amarelado. Parece que estou enganada. Parece que não.  Estagnada, quiçá.

Por que somente cães farejam? Assim me sinto louca, pois também farejo. Ou seria pouco racional conjugar esse verbo? Sim, despertam-me sentimentos profundamente primitivos que também parecem ser clarividência. Faz sentido. Enfim os lobos das peles de cordeiro soltam-se timidamente, acompanhando cada verborragia minha. 

Tenha mais cuidado - dizem os sonhos - proteja-se! Mas o ambiente é pura tensão, fazendo com que toda a sensibilidade capte doenças. Antenas ligadas transformam o "sensitivismo" em mais uma "patologia social". Não creio!

Descubro com quem lidar na medida em que os sorrisos se revelam sangue. Triste. Quero ver essa cortina de poeira bem longe dos olhos. E quedê que se revela? Transborda em minha e em sua cólera, mas até isso se traveste muito bem. Identificamos o que é que incomoda, mas quase nunca logramos reagir. Tudo não passa de déjà vu.