Encasquetei com verbo faz tempo: ação que fica no ar e, às vezes, termina em "er" ou "ir". Ação que pode ser do ontem, do hoje, do amanhã, do nunca, do sonho; concreta e também metafísica.
E no princípio fez-se o verbo, disseram alguns. E o verbo do princípio nasce da respiração, da captação, da inspiração. Surge do movimento de buscar o ar, a luz, o calor, a idéia, a vida, a vitamina, um suplemento qualquer. E depois disso, vale ressaltar, num rompante do agir, que é bom mesmo transpirar, exalar, expulsar.
O que sai? O ar. A vida. O mau da vida. O bom da vida. O que se aproveita. O que se remói. O que trituramos para criar, adaptar, reter ou distribuir. Transpirar é ação do devir. É movimento de entrega. Água, lágrima, suor, excrementos quaisquer: tudo sai com o transpirar. Às vezes até o que não se quer, se transpira e... tsc tsc tsc, deixa, vai, fez está feito!
Mas há algo que fica no ar. Ainda que se capte, se guarde e se exiba. Algo que paira involuntariamente, independentemente. Algo está no agir, mas ultrapassa os limites da consciência e, por isso, nem sempre desperta. Ou melhor, desperta, mas não se aceita; aceita, mas não se reconhece. E isso que fica no ar também é verbo, é impulso, é linguagem e comunicação. É ação de transparecer: tentar esconder, não conseguir. E é nesse momento que a alma aparece, desnuda, envergonhada, com todas as suas sombras.
Transparecer é intermediário. É o que se reduz aos gestos. O que ilude. O que se crê poder esconder. O que, ao mesmo tempo, se escancara. Transparecer é desajeitar, lutar contra, pouco ou nada reconhecer, desorganizar. É o anti-verbo do discurso. É gesto para anti-movimentos. É dizer demais, até pensando que não se diz. E a ação da transparência fecha o ciclo.
E tudo começa de novo, graças à oponências e à complementação: transpirar, transparecer. Movimentos de revelar e esconder que acabam por impulsionar, para fim do papear, o começo dessa ação, o inspirar. Quem inspira está a receber o que é exalado, o recado que se quer, mas também o que é revelado - por trás da cortina e à meia luz - o desejo que se quer, mas não se pode.
É como a síntese, só que ao contrário.
E no princípio fez-se o verbo, disseram alguns. E o verbo do princípio nasce da respiração, da captação, da inspiração. Surge do movimento de buscar o ar, a luz, o calor, a idéia, a vida, a vitamina, um suplemento qualquer. E depois disso, vale ressaltar, num rompante do agir, que é bom mesmo transpirar, exalar, expulsar.
O que sai? O ar. A vida. O mau da vida. O bom da vida. O que se aproveita. O que se remói. O que trituramos para criar, adaptar, reter ou distribuir. Transpirar é ação do devir. É movimento de entrega. Água, lágrima, suor, excrementos quaisquer: tudo sai com o transpirar. Às vezes até o que não se quer, se transpira e... tsc tsc tsc, deixa, vai, fez está feito!
Mas há algo que fica no ar. Ainda que se capte, se guarde e se exiba. Algo que paira involuntariamente, independentemente. Algo está no agir, mas ultrapassa os limites da consciência e, por isso, nem sempre desperta. Ou melhor, desperta, mas não se aceita; aceita, mas não se reconhece. E isso que fica no ar também é verbo, é impulso, é linguagem e comunicação. É ação de transparecer: tentar esconder, não conseguir. E é nesse momento que a alma aparece, desnuda, envergonhada, com todas as suas sombras.
Transparecer é intermediário. É o que se reduz aos gestos. O que ilude. O que se crê poder esconder. O que, ao mesmo tempo, se escancara. Transparecer é desajeitar, lutar contra, pouco ou nada reconhecer, desorganizar. É o anti-verbo do discurso. É gesto para anti-movimentos. É dizer demais, até pensando que não se diz. E a ação da transparência fecha o ciclo.
E tudo começa de novo, graças à oponências e à complementação: transpirar, transparecer. Movimentos de revelar e esconder que acabam por impulsionar, para fim do papear, o começo dessa ação, o inspirar. Quem inspira está a receber o que é exalado, o recado que se quer, mas também o que é revelado - por trás da cortina e à meia luz - o desejo que se quer, mas não se pode.
É como a síntese, só que ao contrário.