Ouvi de um estudante de Jornalismo que "a Filosofia está superada". Ele diz não gostar de teoria, ainda que tenha começado a vida acadêmica nas Ciências Sociais. Perguntei se esse era um pensamento comum entre os sociólogos - pois supus que ele poderia estar, grosso modo, repetindo uma certa rivalidade entre departamentos. Ele disse que não, que sequer interessou-se pela primeira graduação. Aliás, não chegou a terminá-la. Não aguentou Caio Prado, Florestan, Ianni e FHC. Era muita teoria da dependência pra seu ímpeto de soberania.
O tom de sábia pseudocrítica prosseguiu:
"Mas vocês lá no NUCCA estão lendo McLuhann? Tão ultrapassado quanto a teoria matemática!".
Sim, estamos. Ler não é acender velas. Núcleo de Criação de Conteúdos Audiovisuais fez um compromisso de abandonar o preconceito. Ler de tudo. Ler todos. Tirar ideias de onde elas foram formadas.
"Não me digam que vão ler Kant também?"
Se for o caso... Por que não?
Então o diálogo não teve continuidade. As minhas frases eram longas demais para a impaciência do garoto, que me interrompia a cada três segundos. Há muito deixei de me interessar pelas pessoas que sabem de cor o sobrenome de meia dúzia de grandes autores e isso lhes basta para viver. Mas, confesso que fiquei bastante intrigada com a plena síndrome de Deus do rapaz.
Como é que todo tipo de texto deixou de fazer sentido a ele? Quem lhe contou que a "Flosofia está superada"? Se a aversão a todo e qualquer legado da produção de conhecimento é completa, qual é a "fonte" que lhe forma a visão de mundo? Faz parte do ethos da profissão de jornalista tamanhos esvaziamento e arrogância? Quantos livros ele leu na vida para ter coragem de dizer isso? A satisfação consigo mesmo lhe custa o quê? Esse tipo de comportamento que nega os passos do próprio ser humano em seu longo caminhar compreensivo é uma marca dos tempos que mudam?
O tom de sábia pseudocrítica prosseguiu:
"Mas vocês lá no NUCCA estão lendo McLuhann? Tão ultrapassado quanto a teoria matemática!".
Sim, estamos. Ler não é acender velas. Núcleo de Criação de Conteúdos Audiovisuais fez um compromisso de abandonar o preconceito. Ler de tudo. Ler todos. Tirar ideias de onde elas foram formadas.
"Não me digam que vão ler Kant também?"
Se for o caso... Por que não?
Então o diálogo não teve continuidade. As minhas frases eram longas demais para a impaciência do garoto, que me interrompia a cada três segundos. Há muito deixei de me interessar pelas pessoas que sabem de cor o sobrenome de meia dúzia de grandes autores e isso lhes basta para viver. Mas, confesso que fiquei bastante intrigada com a plena síndrome de Deus do rapaz.
Como é que todo tipo de texto deixou de fazer sentido a ele? Quem lhe contou que a "Flosofia está superada"? Se a aversão a todo e qualquer legado da produção de conhecimento é completa, qual é a "fonte" que lhe forma a visão de mundo? Faz parte do ethos da profissão de jornalista tamanhos esvaziamento e arrogância? Quantos livros ele leu na vida para ter coragem de dizer isso? A satisfação consigo mesmo lhe custa o quê? Esse tipo de comportamento que nega os passos do próprio ser humano em seu longo caminhar compreensivo é uma marca dos tempos que mudam?